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iei – inovar educar inspirar: aprender a língua portuguesa sem fronteiras

Língua portuguesa sem fronteiras

Sempre quis ser professora. Fascinavam-me os livros que me davam as respostas à minha aguçada curiosidade e encantavam-me as histórias que me permitiam viajar por outros mundos.

Licenciei-me em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses e Ingleses, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, numa altura em que ser professora era o equivalente a abrir uma porta para o desemprego.

Exercer a profissão de docente era (e continua a ser) um ato de coragem. Durante sete anos lecionei nas mais variadas instituições de ensino: escolas primárias, jardins de infância, institutos de língua e universidades sénior.

O meu aluno mais novo tinha apenas três anos e o mais graúdo já contava oitenta e sete.

Lecionei sempre inglês, uma vez que não havia oportunidades para o português.

Agarrava todas as oportunidades com determinação à medida que construía a minha experiência profissional.

Apesar da alegria em fazer aquilo que adorava, começaram a aparecer barreiras que me travavam: falta de visão, falta de inovação, falta de orçamento, falta de espírito de equipa, entre outras. 

Portugal começou a ficar demasiado pequeno para aquilo que eu achava que a educação poderia oferecer.

Em 2011, ganhei uma bolsa Comenius e passei duas semanas em Inglaterra; visitei algumas escolas primárias, aprendi novas metodologias e troquei ideias com colegas de outros países europeus.

Foi uma experiência não só enriquecedora, mas também altamente inspiradora. Foi aqui que começou a minha busca por algo mais ambicioso.

Em 2013, disse “Até já, Portugal!” e embarquei na minha maior aventura internacional que me levaria à Suíça durante dois meses e aos Emirados Árabes Unidos durante sete anos.

Poderia contar-vos muito sobre a animada vida de uma expatriada no Dubai, mas isso fica para uma próxima vez.

Hoje, quero deixar-vos o testemunho da minha experiência enquanto professora, entretanto regressada à pátria mãe.

Trabalhei como professora de inglês e responsável de departamento em escolas internacionais, com mais de 80 culturas distribuídas entre professores e famílias. 

Até já, Portugal!

Em 2013, disse “Até já, Portugal!” e embarquei na minha maior aventura internacional que me levaria à Suíça durante dois meses e aos Emirados Árabes Unidos durante sete anos.

Poderia contar-vos muito sobre a animada vida de uma expatriada no Dubai, mas isso fica para uma próxima vez.

Hoje, quero deixar-vos o testemunho da minha experiência enquanto professora, entretanto regressada à pátria mãe.

Trabalhei como professora de inglês e responsável de departamento em escolas internacionais, com mais de 80 culturas distribuídas entre professores e famílias. 

Costumo dizer que a experiência de expatriado não é para qualquer um; não que isto torne os expatriados em seres sobrenaturais.

Desengane-se quem pensa que a vida no Dubai é só praia e sol; os dias longos e exigentes aliados à pressão intensa ajudaram-me a desenvolver muita resiliência, espírito de sacrifício e flexibilidade.

Foram anos de muito desenvolvimento profissional, muitas horas de formação em várias áreas incluindo necessidades educativas especiais e liderança de equipas, muitas soluções criadas para crianças que chegavam ao Dubai sem falar uma palavra de inglês. 

Ao mesmo tempo que trabalhava em escolas internacionais, surgiu a oportunidade de lecionar português num horário pós-letivo a crianças da comunidade portuguesa residente no Dubai.

Esta proposta era bastante aliciante uma vez que ia dar aos “meus” aquilo que já dava aos “outros”: a oportunidade de aprender e desenvolver a nossa língua portuguesa.

Comecei com duas famílias e, entretanto, a palavra foi passando; criava laços fortes com estas crianças e famílias enquanto a minha paixão por este projeto crescia.

Deparei-me com a dificuldade em arranjar recursos interessantes à distância; os resultados das minhas procuras por materiais de português online eram escassos e os “manuais escolares” que trazia quando regressava das férias também não despertavam interesse a estas crianças que frequentam escolas internacionais, estando habituadas a um tipo de ensino completamente diferente do convencional em Portugal.

Surge assim a criação dos recursos em português para atender às necessidades particulares das crianças expatriadas. 

Claro que tanto trabalho aliado à pressão e desalinhamento de valores para os meus superiores resultou num “burnout” preocupante que me levou para o fundo do poço.

Misture-se alguns problemas pessoais (claro!) e constatámos uma enorme depressão e desencanto pela vida.

Olhava à minha volta e pensava “Tenho tudo para ser feliz: uma casa confortável, comida na mesa, saúde (que entretanto começava a deteriorar-se), bons amigos (que são difíceis de encontrar), viagens de lazer frequentes.”

Mas também tinha, por outro lado, outro tipo de pensamentos: “O que é que eu ando aqui a fazer? Tudo o que faço parece ser nunca suficiente. Tenho responsabilidades e obrigações no meu trabalho que vão contra os meus valores. Passo horas da minha vida a fazer trabalho invisível.”

Sentia-me completamente miserável, sem propósito; era como se a minha luz interior se tivesse apagado. Questionei até se queria continuar a ser professora… 

Procurei ajuda profissional, comecei a alinhar-me espiritualmente com práticas de Reiki e, um bocadinho ao estilo do “Comer, Orar, Amar”, acabei por fazer voluntariado numa escola local em Chiang Mai no norte da Tailândia no verão de 2018.

Estar nesta escola fez-me relembrar a razão pela qual eu sempre quis ser professora: as crianças.

Num país onde se começa o dia a meditar, onde a burocracia não é tão exigente, onde se respeita mais o ritmo natural das crianças (e dos adultos), eu comecei a aperceber-me do que precisava de mudar urgentemente na minha vida.

Voltei a essa mesma escola no Natal do mesmo ano para dar continuidade ao trabalho de apoio à direção e à formação contínua de professores.

Foi assim que, no final de 2018, começou a surgir a vontade de trabalhar por conta própria e definir os meus próprios termos. Levou-me um ano para perder o medo da instabilidade financeira que esta aventura poderia trazer e, dois meses antes do início da pandemia global, entreguei a minha carta de demissão.

Era o início da iei – inovar educar inspirar. A pandemia que estamos a viver ampliou a procura de aulas de português uma vez que muitos expatriados estão a regressar a Portugal e fez com que nos tornássemos mais receptivos para a vertente das aulas à distância. 

Neste momento, a iei – inovar educar inspirar chega a meninos e meninas de seis países espalhados por três continentes.

Há recursos digitais para quem deseja aprender em família e há a vertente das aulas com cursos de Português Língua de Herança assim como Português Língua Estrangeira.

Na iei, vemos os alunos como indivíduos que trazem consigo já conhecimentos válidos que são integrados nas suas novas aprendizagens em português.

Estabelecer uma boa relação é primordial para que a criança esteja predisposta para a aprendizagem não só da língua, mas também da cultura, história e geografia de Portugal. 

“O meu filho só fala português no verão”, “ela tem falta de vocabulário e confunde a ordem das palavras nas frases”, “os tempos verbais são uma desgraça”, “a minha filha só fala português, mas gostava de aprender a ler e a escrever”, “vamos regressar a Portugal num futuro próximo e gostávamos que eles soubessem mais português”, são alguns dos problemas que a iei soluciona.  

A visão da iei é bastante ambiciosa e promete revolucionar em português!

O coração pediu-me para regressar a Portugal, mas considero-me agora uma cidadã do mundo, agradecendo as aprendizagens que tive, nutrindo as relações que tenho com as fantásticas pessoas da comunidade iei, continuando a viver assim uma vida sem fronteiras. 

Marisa Soares

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