Para a Clara Agostinho, 13 anos, escrever é algo que lhe corre nas veias.
Durante o ano letivo na Escola de Português iei, a Clara e a professora Laura exploraram, nas aulas de Português Língua de Herança, alguns dos mais icónicos castelos de Portugal, estudando as diferentes partes e localizações destes magníficos edifícios. A professora Laura lançou um desafio à Clara: desenhar o seu próprio castelo com direito a uma aventura!
Clara’s castle – uma aventura assombrada
“Numa manhã de outono a Clara acordou com uma luz suave na cara dela. Ela levantou-se da cama com dificuldade e foi espreitar pela janela. O dia estava muito quieto, um vento gentil acariciava a janela. A Clara calçou as suas pantufas de vacas e foi para o rés do chão começar o seu dia com uma garrafa de Ucal. Ela chegou à despensa de Ucal, abriu a porta e descobriu um horror. NÃO HAVIA UCAL! Num pânico ela olhou no frigorífico mas mais uma vez faltava-lhe Ucal. Ela decidiu beber sumo de laranja e descobrir o que é que tinha acontecido. Mas após sair da cozinha para a “laranjeira Henrique” ela encontrou o seu pai no chão, agarrado às pernas a chorar compulsivamente.
“O que é que aconteceu?” Perguntou a Clara, à espera de uma tragédia.
“La- laranjas, fugiram. As minhas laranjas fugiram de mim!!” Explicou o pai e começou a chorar mais.
“Como assim…..?” Questionou a Clara mas foi interrompida pelos próprios olhos. Ela olhou pela janela e viu uma laranjeira enorme sem sequer uma laranja. Ela correu para fora e todas as laranjeiras que viu estavam completamente vazias. Ela começou a voltar para o pai para lhe perguntar se ele viu qualquer coisa mas parou abruptamente quando viu um pedaço de papel preso no tronco de uma árvore. Ela aproximou-se ao papel e viu que havia um número e uma letra, “ 3. T”. Confusa, ela voltou a dispensa de Ucal a procura de um papel semelhante e encontrou exatamente isso. Estava um papel escondido no fundo da despensa que dizia “2. Ó” Ainda mais confusa, ela voltou ao único outro lugar que esteve nesse dia, o frigorífico onde mais uma vez achou um papel colado a uma garrafa de leite que tinha lá escrito “1. S” .
“SÓT?” Disse ela a ninguém quando entrou pela cozinha adentro a sua avó.
“Já não há livros na biblioteca!” Informou a avó.
“A biblioteca também?” Perguntou a Clara e começou a caminhar pela biblioteca. Após chegar lá a Clara viu mais um papel que tinha “5. O” escrito. A Clara arranjou um lápis, atrás do papel escreveu “SOT_O” e voltou para o rés do chão. Onde encontrou a sua mãe sentada no sofá.
“Mãe, a mãe viu alguma coisa estranha hoje?” A Clara perguntou. “Ou um papel semelhante a este?” A Clara deu à mãe o papel.
“Sim, o estúdio onde pintamos está vazio, mas não havia lá papel nenhum.” A mãe dela respondeu e a Clara foi ao estúdio. Mas exatamente como a mãe dela tinha dito, não havia lá nenhum papel. A Clara já sem esperança desistiu e voltou ao quarto, pôs o fato de banho e desceu o seu escorrega, mas em vez de cair para dentro de água ela aterrou no chão em cima de mais um papel. Toda dolorida a Clara levantou-se e olhou para o papel onde mais uma vez estava escrito “4. Ô ela agarrou no papel e sentiu uma réstia de esperança. Ela saiu da piscina e correu de volta para o estúdio de pinturas, quando lá ela agarrou o papel onde tinha escrito “SOT_O”
“Sótão!!” Exclamou a Clara “é isso! Tenho de ir ao sótão!”
Ela desatou a correr ao sótão, parando primeiro na arrecadação para buscar uma lanterna. Ela subiu as escadas, ligou a lanterna e apontou-a a uma porta da casa que ela nunca abriu um arrepio percorreu-lhe a espinha, ela respirou fundo e abriu a porta.
“Reeeeeek” fez a porta
“Olá?.. está alguém aqui?” A Clara perguntou, espreitando pela porta. Ela entrou no quarto mas não viu nada, quando se virou para ir embora a porta fechou. O rosto da Clara derreteu em terror.
“Quem é que está aqui? Mostrem-se!” A Clara comandou.
“Olá Clara” disse uma voz fraca e cheia de desgosto.
A Clara rodopiou sobre os seus pés apontando a lanterna para onde estava a voz, e ali ela via uma figura muito ténue olhando de volta para ela.
“Quem és tu?” A Clara questionou intrigada.
“O meu nome é Philomena, e eu quero a minha casa de volta.” Afirmou a Philomena com uma voz fria e dura.
“Então foste tu que estiveste a estragar a minha vida! Calma, tua casa? Como assim, este castelo é meu. Diz no nome e tudo ‘Castelo da Clara’” explicou a Clara
“Não este castelo não tem o teu nome, tem… bem tinha o nome da minha mãe até vocês Agostinhos decidirem expulsar-nos!” Gritou a Philomena com um ar ameaçador mas a Clara percebeu mais, por trás da sua expressão zangada ela parecia triste e assustada.
“Mas, este castelo tem sido nosso há centenas de anos?” Respondeu a Clara “como é que esta casa é tua?”
“Isto era um castelo inglês, em 1497 quando o Vasco da Gama foi para a Índia este castelo ficou inabitado e o rei, que gostava da minha família, deu o castelo ao meu avô e quando ele o recebeu a minha mãe tinha acabado de nascer, o meu avô interpretou isto como um sinal que a minha mãe merecia o castelo, então ele deu o nome de “Castelo Clara” ao castelo. Eu nasci em 1518 e cresci aqui neste castelo até ter 13 anos. Numa manhã, uns meses após o meu aniversário eu acordei com os gritos da minha mãe e corri para o rés do chão onde descobri homens a agarrar na minha mãe e a partir coisas. Eu gritei para pararem mas eu assustei um dos homens e ele acabou por dar-me um tiro no estômago, eu caí pro chão e a última coisa que eu me lembro é ter a minha mãe a segurar-me e depois acordar no chão deste sótão. Eu estive presa neste sótão por 492 anos mas quando tu nasceste eu senti-me mais forte, e em novembro quando fizeste anos eu descobri que pela primeira vez desde daquele dia eu conseguia mexer coisas. Então eu passei os últimos meses a treinar até ontem quando eu consegui fazer tudo que vocês amavam desaparecer, exatamente igual ao que me fizeram a mim.” Acabou a Philomena com os olhos pesados e os ombros descaídos.
“… fogo, eu não fazia ideia.” Respondeu a Clara em pensamento. “Mas porque é que tu continuas aqui?”
“Eu não sei, mas acho que por causa da injustiça que fizeram a mim, e o facto que eu nunca conseguirei deixar de lado o meu rancor.” Refletiu a Philomena.
“E se tu já não tinhas razão para guardar rancor? E se eu pudesse anular a injustiça que foi feita?” A Clara exclamou excitada.
“Isso não seria possível, só se este castelo voltasse a ser Inglês.” Negou a Philomena sem qualquer esperança.
“É possível!” Protestou a Clara.
E foi exatamente isso que a Clara fez. Ela convenceu a família a dar o nome de “Clara ‘s Castle” ao castelo e ajudou a Philomena a passar para o além.”
“WOW! Que fixe! Outra!”
“Não, Clara, uma estória é suficiente por esta noite. Durma bem.”